“(...) compreender como a experiência artística – pelo fazer brincante – faz emergir questões ligadas à vivência desses e dessas artistas, suas histórias, impulsionando e orientando suas criações.”
RESUMO: O objeto desta investigação é o modo de fazer cênico, isto é, a invenção de imagens e narrativas sobre a loucura, no grupo teatral Os Insênicos, cujos integrantes são usuários de instituições de saúde mental. O objetivo geral é apresentar e discutir significados e sentidos que se elaboram nas produções poéticas do grupo. Como objetivos específicos, destacam-se: analisar princípios, métodos, temáticas e conteúdos desses processos criativos, em comparação com outros processos similares no país; demonstrar aspectos que permitem aos participantes instaurar poéticas e construir cenicamente imagens e narrativas para performances/encenações; compreender como a experiência artística – pelo fazer brincante – faz emergir questões ligadas à vivência desses e dessas artistas, suas histórias, impulsionando e orientando suas criações. A crítica genética e os estudos sobre criação, jogos e brincadeiras são as bases teóricas utilizadas. A tese se organiza metodologicamente ao modo de uma cartografia e reúne quatro capítulos tendo como eixo condutor o objeto acima descrito. No primeiro capítulo, a busca por uma poética da loucura apresenta uma revisão de trabalhos encontrados no Banco de Teses da CAPES visando a uma reflexão sobre aspectos que cruzam e sustentam a interface artes cênicas e saúde mental. No segundo capítulo, a experiência criativa de Os Insênicos é aproximada da experiência de outros três grupos brasileiros, compostos por sujeitos usuários/as de serviços de saúde mental. Pela lente da crítica genética, propõe-se leitura sobre os modos de fazer recorrentes nos grupos. O terceiro capítulo aborda o lugar da criação artística para duas atrizes e um ator de Os Insênicos em suas experimentações teatrais há quase dez anos. Compreende-se a função lúdica, ao entender que a ideia do brincar, jogar, improvisar são um espaço potencial, ao mesmo tempo compartilhado e singular. O quarto capítulo analisa, por meio da poética do espetáculo “Quem está aí?”, a ideia de imagem e narrativa, buscando demonstrar como algumas invenções se materializam num processo criativo. Reitera-se o valor da produção da cena para aqueles e aquelas cujo interesse é o trabalho com o viver imaginativo e criador. E, com base na percepção criativa, verifica-se que outros modos de viver são possíveis, tendo a arte, o trabalho coletivo e a reinvenção de si e do mundo como o sal da vida.
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